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Empresas humanizadas resistem melhor às crises

Uma pesquisa realizada com 36.868 pessoas e 226 empresas indica que companhias com maturidade de gestão, que geram maior valor a todos os stakeholders, possuem uma liderança consciente e têm uma cultura capaz de se adaptar e olha para o longo prazo resistem melhor às crises. As oito grandes empresas de capital aberto que mais se destacaram no estudo também apresentaram uma performance financeira acumulada 5,5 vezes superior à toda carteira da bolsa de valores (B3) e 1,5 vez superior à carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3).

Para chegar a essa comparação, a startup Humanizadas, que conduziu o estudo, olhou a rentabilidade financeira em cada amostra durante o período de dezembro de 1988 até dezembro de 2020. Foram consideradas na amostra as oito maiores empresas “humanizadas” de destaque no estudo, 30 que integravam o ISE na época do estudo (ano passado) e 427 listadas na B3. Algumas humanizadas também integram a amostra do ISE. “Em todos esses períodos, mesmo passando por crises políticas, econômicas, sociais e ambientais, até mesmo enfrentando uma pandemia, podemos notar que empresas que olham para o capital humano desempenham melhor”, diz Pedro Paro, pesquisador de doutorado do Grupo de Gestão de Mudanças da Universidade de São Paulo (USP) e CEO da Humanizadas.

Para avaliar as 226 da amostra e definir como elas estão com relação ao nível de humanização, Paro diz que foi criado um índice inspirado na classificação de risco usada por agências de crédito. O rating de consciência mede quanto uma empresa pode gerar de valor de maneira intencional para todos os stakeholders e é mensurado por maeio de dados quantitativos fornecidos pelas organizações, com entrevistas qualitativas envolvendo comunidade, funcionários, fornecedores, investidores e executivos. A partir dos resultados, as empresas foram categorizadas em 11 níveis (AAA, AA, A, BBB, BB, B, CCC, CC, C, D e E), sendo o primeiro (AAA) o mais desenvolvido e o último (E), o menos desenvolvido).

Nenhuma organização da amostra atingiu os índices AAA e AA (maturidade de gestão mais elevada, relações extremamente positivas e alta percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros, sociedade e planeta). Nos índices A e BBB (maturidade de gestão alta, relações positivas e alta percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade), 12 e 52 empresas, respectivamente, atingiram a marca.

“As empresas mais humanizadas pensam menos no “ego” e mais no “eco” – demonstram a coerência entre o discurso e a prática, refletem a percepção de múltiplos stakeholders sobre a qualidade de gestão e das relações que uma organização nutre com os diferentes grupos interessados no sucesso da empresa – lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade”, diz Paro. São também empresas que mensuram seu impacto em diversas frentes, diz Paro. “Têm diagnósticos, se comparam a outras organizações, possuem instrumentos para avaliar a qualidade da relação com todos [fornecedores, funcionários, comunidade, sociedade, investidores]”.

No aspecto micro e interno, o que faz mesmo a diferença para a criação, atuação e manutenção de um negócio mais humanizado, diz Paro, é a liderança. “Quando olhamos as entrevistas do estudo fica claro que o principal é ter uma liderança coerente, disposta atuar a servir e apoiar o desenvolvimento do time e dos outros – que não lidera só para ela – e que dá o exemplo no dia a dia, não apenas no workshop do fim de ano”.

O estudo foi desenvolvido com base no método criado nos Estados Unidos por Raj Sisodia, cofundador do Movimento Capitalismo Consciente. Mas foi adaptado para a realidade brasileira para considerar as complexidades dos negócios, segundo Paro. A criação do rating de consciência também é novidade nesta edição.

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