Quase todos os jovens brasileiros (98%) que estão hoje no Ensino Médio das redes públicas querem uma escola que os prepare para o mercado de trabalho e 9 em cada 10 gostariam de escolher uma área para aprofundar estudos durante a etapa, enquanto apenas 1% afirma que não teria condições de eleger uma área para se aprofundar na última etapa da Educação Básica. Além disso, a grande maioria acredita que a tecnologia pode melhorar a aprendizagem e 2 em cada 3 jovens querem cursar o Ensino Superior. Estes são alguns dos destaques de uma ampla pesquisa de opinião encomendada pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande, realizada pelo Datafolha entre 8 de fevereiro e 18 de abril deste ano, com representatividade nacional, regional e para cada uma das 27 Unidades da Federação (confira o levantamento do seu estado ou DF ao final da página).
Para Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, “os jovens de escolas públicas querem uma escola que os prepare para o mercado de trabalho e abra portas para o Ensino Superior. Ou seja, querem uma escola que amplie seu leque de oportunidades, que ofereça escolhas que lhes permitam trilhar diferentes caminhos de vida. Ressignificar essa etapa deve ser uma grande prioridade para a atuação das próximas gestões , tanto no governo federal, quanto nos estados.”
“Viabilizar iniciativas que desenvolvam competências digitais de estudantes e educadores é uma pauta necessária para tornar a escola um espaço mais conectado com o mercado e atraente para o aluno. Quando os temas se conectam, passamos a enxergar melhorias claras de aprendizagem de conteúdos básicos, diminuição da evasão escolar e, consequentemente, aumento nos índices de empregabilidade dos jovens”, explica Americo Mattar, diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo.
O levantamento aponta ainda que os jovens pretendem continuar estudando após concluir o Ensino Médio. São 65% os que desejam cursar uma faculdade (36% somente a faculdade e 29% conciliando com trabalho), embora dados do IBGE apontam que apenas 24% dos jovens de 18 a 24 anos estão no Ensino Superior. Além disso, 22% dos estudantes querem fazer um curso técnico após o Ensino Médio (12% só o curso técnico e 10% conciliando com trabalho).
“As mudanças curriculares em curso, trazidas pelo chamado Novo Ensino Médio, precisam ser aprimoradas e implementadas pelas próximas gestões, juntamente com outros fatores estruturais, como a expansão das escolas em tempo integral, a valorização e a formação de professores, avanços na infraestrutura e na gestão escolar e o apoio dado pelas Secretarias de Educação às escolas”, complementa Gabriel.
Outro número interessante diz respeito ao Ensino Médio em Tempo Integral. De maneira geral, mais de 80% dos jovens enxergam como alta a probabilidade de estudar em escolas com características iguais às de tempo integral. “O desenvolvimento do Protagonismo e do Projeto de Vida são dois aspectos chaves desse modelo e que chamam atenção dos estudantes por serem componentes curriculares que os preparam melhor para o futuro ao mesmo tempo em que consideram a experiência pessoal de cada um. Não à toa, um em cada três estudantes que já estudam no Ensino Integral considera que Projeto de Vida é sua característica preferida”, destaca Ana Paula Pereira, diretora-executiva do Instituto Sonho Grande.
“O Ensino Médio em Tempo Integral é uma política que tem como fundamento em sua proposta curricular e abordagem pedagógica a centralidade no projeto de vida dos estudantes”, afirma David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura. “Evidências mostram que seu impacto vai além da melhora na aprendizagem dos estudantes, provocando efeitos positivos em áreas como segurança e economia.”
Veja abaixo outras informações da pesquisa
Ensino Médio em Tempo Integral
Os alunos de Ensino Médio que estudam em escolas integrais estão mais satisfeitos com a escola em relação àqueles matriculados em escolas de tempo regular. Eles demonstram isso na avaliação que fazem em diversas dimensões, tais como os aprendizados serem úteis para a vida, a qualidade das aulas e o ambiente seguro. Uma parte significativa dos estudantes de ensino integral (73%) reforça ainda que sente maior apoio da escola para pensar sobre seus próximos passos e se preparar para o futuro, enquanto no ensino regular essa realidade é de 57%.
A importância dos professores para a qualidade do ensino
A relação com os professores também aparece como um aspecto importante do sucesso escolar na opinião dos estudantes. 79% concordam que já tiveram um professor que os ajuda a construir seus sonhos, embora 49% avaliem que os professores não são reconhecidos e valorizados pela sociedade. Nas respostas espontâneas e múltiplas sobre o que é mais importante para melhorar a qualidade das escolas de Ensino Médio, a qualidade do corpo docente foi a opção mais citada, aparecendo em 29% das respostas. Embora os estudantes reconheçam a centralidade dos professores para uma aprendizagem de qualidade, 46% apontam que nem sempre têm todas as aulas, por conta de problemas de falta de professores.
Evasão e trabalho
Os estudantes também foram questionados sobre abandono e evasão escolar, fenômenos que se intensificaram por conta da pandemia e o longo período de fechamento das escolas. São 17% os estudantes que pensam em parar de frequentar a escola nos seis meses anteriores à pesquisa. Desses, 48% dizem que o motivo é a necessidade de trabalhar. Outros 17% alegam estresse ou cansaço.
Outro dado mostra o quanto os alunos se dividem entre os estudos e o trabalho. Entre os estudantes de Ensino Médio de escolas públicas, 32% trabalham fora de casa. Entre os que trabalham, os principais motivos são: 71% para ter independência financeira dos pais e 20% para ajudar financeiramente a família.
Tecnologia
A pesquisa revela que 94% dos estudantes concordam que a utilização de tecnologia nas aulas pode ajudar a melhorar a qualidade da escola, ainda que o acesso a ela ainda não seja realidade para todos. 43% dos estudantes discordam que a escola tem computadores com acesso à internet para as aulas. Em casa, o acesso à internet mais disseminado é através do celular, que 98% afirmam possuir.
O estudo utilizou metodologia quantitativa por meio de abordagem pessoal na proximidade das escolas. A pesquisa teve abrangência nacional, respeitando a distribuição de estudantes com base nos dados do Inep. A margem de erro para os dados nacionais é de 2 pontos percentuais. Além disso, a pesquisa permite leitura estadual dos resultados para todas as Unidades da Federação.
Fonte: Todos Pela Educação